Felca e a Adultização Infantil nas Redes Sociais: Paradoxo e Proteção (ECA)
A denúncia feita por Felipe Bressanim Pereira — o influenciador conhecido como Felca — sobre a adultização de crianças nas redes sociais, traz à tona questões profundas sobre direitos, saúde mental e o papel dos responsáveis. Neste artigo, exploramos o que significa esse fenômeno, seus impactos e como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) oferece proteção.
O que denunciou Felca?
- No dia 6 de agosto de 2025, Felca publicou um vídeo viral com mais de 10 milhões de visualizações em dois dias, denunciando exploração e adultização de menores por influenciadores, especialmente Hytalo Santos, apelidado de “influencer das crias”.
- Ele acusou o uso de menores de idade em conteúdo sensualizado e a busca por lucro em detrimento da infância.
- Em consequência, o Instagram desativou os perfis denunciados menos de 24 horas depois.
- Também foram anunciados processos contra centenas de perfis por difamação e pedofilia.
O que é adultização infantil e por que é prejudicial?
Conceito e efeitos psicológicos
Adultização infantil ocorre quando crianças são expostas a comportamentos, responsabilidades ou representações adultos antes de estarem psicologicamente preparadas.
Esse fenômeno pode levar a problemas como ansiedade, depressão, baixa autoestima e fragilização do desenvolvimento emocional, uma vez que “a criança perde espaço para brincar, imaginar e crescer naturalmente”.
A cultura das redes sociais e a superexposição
Plataformas como TikTok, Instagram ou YouTube popularizam coreografias, poses e temas sexualizados até entre crianças. Esse excesso de exposição, muitas vezes impulsionado por ganância ou fama, intensifica a adultização.
Este cenário favorece o chamado sharenting, isto é, pais que compartilham exageradamente fotos e vídeos dos filhos — muitas vezes roçando o limite do sexualizado — por curtidas ou ganhos financeiros.
ECA — o que diz e como protege?
Fundamentos legais
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), sancionado em 13 de julho de 1990, prevê a proteção integral das crianças e dos adolescentes, vendo-os como “sujeitos de direitos”, com prioridade absoluta.
Define criança como até 12 anos incompletos e adolescente dos 12 aos 18 anos.
Direito à imagem e privacidade
O ECA garante a privacidade, honra e dignidade das crianças — usos indevidos de sua imagem podem configurar violação desses direitos.
O compartilhamento sexualizado da imagem de criança pode ser considerado maus-tratos ou exposição vexatória, com previsão de sanções civis ou até penais.
Atualizações legais em curso
O Projeto de Lei 4.416/24 propõe criminalizar a erotização infantojuvenil nas redes sociais, com pena de 1 a 3 anos de detenção e multa — maior caso envolva parentes ou autoridade.
Impactos na sociedade e na saúde mental
- A adultização fragiliza a infância, antecipando responsabilidades emocionais ou sexuais sem preparo — o que compromete a formação de identidade e o bem-estar.
- A superexposição infantil em conteúdo sexualizado desrespeita o princípio do interesse superior da criança, fomentando exploração e vulnerabilidade.
- A repercussão do caso Felca desencadeou apoio social, desativação de perfis e intensificou o debate sobre limites da infância digital.
O que podemos aprender como sociedade?
Para pais e responsáveis
- Reflita antes de expor seus filhos nas redes sociais: compartilhe com moderação e com foco no bem-estar infantil.
- Respeite o ritmo do desenvolvimento da criança e priorize suas necessidades emocionais.
Para influenciadores e criadores de conteúdo
- Tenha responsabilidade ao utilizar a imagem de menores — evite conotações sexualizadas ou mercantilização da imagem infantil.
- Esteja atento às diretrizes do ECA e às tendências de legislação.
Para a sociedade e o Estado
- Apoie políticas públicas educativas sobre uso de imagens de crianças nas redes.
- Incentive que as plataformas digitais adotem mecanismos de denúncia eficazes e moderação responsável.
Conclusão
A denúncia feita por Felca ilumina um problema urgente: a adultização precoce de crianças nas redes sociais, motivada muitas vezes por ganhos financeiros ou visibilidade — uma prática prejudicial e em desacordo com o ECA. O Estatuto da Criança e do Adolescente oferece um robusto arcabouço legal para proteger a infância, mas é necessário que a sociedade, os pais, os influenciadores e o Estado atuem conjuntamente na sua aplicação.
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4. Links de Artigos para referência
- Quem é Felca, youtuber que denunciou Hytalo Santos por exploração de menores – G1
- Estatuto da Criança e do Adolescente – Texto Integral – Planalto
- Projeto de Lei 4.416/24 que criminaliza a erotização infantojuvenil – Câmara dos Deputados
- A erotização precoce das crianças e adolescentes por seus genitores – Revista FT
- Sharenting: riscos da superexposição infantil nas redes – Repositório Ânima Educação